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A importância do exercício físico para quem faz hemodiálise

Ter um acesso vascular não impede a prática de exercícios físicos


É consenso, científico e social, de que a prática regular de exercícios físicos ajuda o corpo a ter mais disposição e mais saúde. Além de promover um melhor condicionamento muscular/esquelético, as atividades físicas, sejam elas quaisquer, melhoram o sistema imunológico e diminuem o risco do surgimento das mais variadas doenças, como as cardiovasculares (do coração), câncer e doenças crônicas (diabetes e doença renal crônica, por exemplo).


Diante disso, uma das dúvidas mais frequentes que recebo de pacientes renais é: “mesmo com acesso vascular, eu posso fazer atividade física?”. A resposta é sim!


Não é porque você possui um acesso vascular que deve abdicar completamente de realizar alguma atividade física. Claro, cada paciente possui suas limitações físicas e clínicas e isso deverá sempre ser avaliado quando for começar alguma atividade física, ou até mesmo fisioterapia. Além disso, tanto a fístula arteriovenosa como o cateter possuem particularidades a serem observadas, como no caso de atividades físicas que envolvam água. Mas, independente disso, reforço mais uma vez que qualquer atividade física é necessária para melhorar a saúde do corpo e não seria diferente para o paciente renal com acesso vascular. Contudo, é preciso estar atento a algumas particularidades que listo abaixo.


Quando começar?


Para pacientes renais com fístula arteriovenosa, o início de atividades físicas regulares deve ocorrer, em média, 02 (dois) meses após a confecção do acesso. Esse período de espera é recomendado para que o acesso esteja mais adaptado e aceito pelo organismo, com a maturação completa da fístula arteriovenosa. Importante destacar que diversos cuidados devem ser tomados durante esse período de maturação. Meus últimos textos postados aqui no Blog possuem diversas informações importantes para quem fístula arteriovenosa. Não deixe de conferir.


Apesar do período da espera de maturação da fístula arteriovenosa, são sempre indicadas caminhadas e exercícios leves ao paciente, inclusive com a mão e o braço da fistula, para ajudar na maturação do acesso.


Para pacientes com cateter (como o tipo Permcath), são indicados exercícios físicos mais vigorosos 01 mês após o implante do acesso, para que esse tenha uma adequada cicatrização e o cuff esteja grudado no subcutâneo, visando evitar o deslocamento do cateter ou até mesmo sua saída.


Musculação


Quando se fala em fazer exercício físico, a maioria das pessoas já pensa em musculação. Afinal, o fortalecimento dos músculos é essencial para o organismo como um todo. Com o fortalecimento do tecido muscular, aumentamos da resistência do corpo, sua força, melhoramos a proteção física dos outros órgãos, sem contar que há significante melhora da saúde geral da pessoa. O aumento e manutenção da massa muscular impacta também na produção de hormônios, síntese de nutrientes e funcionamento geral do organismo. Poderia listar ainda mais benefícios da musculação, mas apenas esse apanhado superficial já é suficiente para que eu recomende a musculação como uma prática para pacientes em hemodiálise e que possuam acesso vascular.


Mas, atenção! Importante destacar que a musculação para pacientes renais com fístula arteriovenosa deve ser feita com bastante parcimônia, acompanhada de perto do médico nefrologista, cirurgião vascular, fisioterapeuta e de profissionais da área esportiva. Esse acompanhamento mais intenso deve ser feito pois cada corpo reage ao exercício de um jeito e o estímulo muscular pode afetar o frêmito da fístula arteriovenosa, alterando o fluxo sanguíneo. A título de ilustração, pessoas que fazem musculação focadas em hipertrofia possuem uma dilatação mais acentuada nas veias dos membros. Isso também ocorre com quem possui acesso vascular e essa alteração impacta no bom funcionamento da fistula. Não é contraindicado a musculação, inclusive com o braço da fistula. Porém, antes de se iniciar a prática, seria interessante para o paciente se consultar com o seu médico vascular de sua confiança para que se examine e defina a existência de movimentos que não devem fazer parte da rotina de musculação, por causa de possíveis mudanças no frêmito da fistula.


Importante destacar também que a musculação apresenta risco de traumas, com possíveis impactos causados por pesos, que podem prejudicar o acesso, seja ele uma fístula arteriovenosa ou um cateter.


De todo jeito, a musculação é recomendada para pacientes renais com acesso vascular, desde que feita com acompanhamento profissional e médico constantes, respeitando as limitações do corpo e realidade de cada paciente.


Natação e hidroginástica


A natação e a hidroginástica são consideradas atividades físicas que trabalham o corpo por completo. Contudo, é importante destacar que todo acesso vascular demanda uma rotina de cuidados.


A prática da natação e da hidroginástica, por envolver submersão, são indicadas apenas para pacientes com fístula arteriovenosa. Isso porque esse tipo de acesso, por ser intradérmico, aumenta a proteção do organismo e do acesso vascular no contato com a água.


Já para pacientes que possuem cateter, a natação e a hidroginástica não são atividades físicas recomendadas. O cateter é um acesso que mantém uma abertura constante na pele do paciente e não deve ser molhado diretamente (tanto que recomenda-se a proteção na hora do banho).


Portanto, se você gosta de uma piscina e pensa em adotar a natação ou a hidroginástica como atividade física, saiba que apenas é recomendado para quem possui fístula arteriovenosa.


Caminhada


A mais simples de todas as atividades físicas. A caminhada proporciona melhora na circulação, combate a osteoporose, diminui a sonolência, ajuda a equilibrar o peso do corpo, reduz o risco de desenvolvimento do Diabetes, aumenta a sensação de bem-estar e muito mais. Portanto, se você possui um acesso vascular e está liberado por seu médico, hora de se movimentar.


O caminhar não requer muito esforço e pode ser feito até mesmo em esteiras. Mas, se vai para a rua, evite terrenos muito acidentados, faça uso de calçados adequados e tome muito cuidado com quedas. Afinal, evitar fraturas e impactos nos acessos vasculares são essenciais para a sua manutenção.


Evite atividades de impacto


Todo paciente renal deve ter em mente que a segurança de seu tratamento passa pela qualidade do acesso vascular. Então, é preciso zelar pelo acesso, evitando impactos e traumas. Por isso, cuidado redobrado com práticas físicas de impacto ou que tenham traumas em sua rotina, como no caso do futebol, do volei, basquete, crossfit, lutas e rugby, por exemplo.


Curiosidade - Hiperparatireoidismo


O hiperparatireoidismo ocorre quando o hormônio paratormônio está em abundância no organismo humano. Este hormônio é produzido pelas glândulas paratireoides e é responsável pela regulação e o equilíbrio do cálcio, vitamina D e fósforo no sangue. Existem dois tipos de hiperparatireoidismo, o primário e o secundário.


  • Primário: acontece na glândula e causa um excesso de cálcio no organismo.

  • Secundário: ocorre quando há o crescimento dos níveis de cálcio no sangue, em decorrência de alguma outra doença. Aqui ocorre a má absorção de cálcio, defasagem de vitamina D e insuficiência renal crônica, que geralmente resulta na queda de cálcio do sangue.


Destaco que existe um alto risco de fraturas causado pelo hiperparatireoidismo, ocasionadas pelo enfraquecimento dos ossos. Nesse caso, cuidado redobrado para quando for praticar qualquer tipo de exercícios físicos. Sempre opte por ter acompanhamento profissional e nunca realize nada sem acompanhamento médico.


Movimentar é preciso


A prática de atividades físicas, seja ela uma caminhada, uma dança, ou atividades de maior intensidade, como uma corrida, natação, musculação, são essenciais para desenvolvermos uma vida mais saudável, sendo importantes também para o paciente renal com acesso vascular. Como médica, recomendo movimentar o seu corpo sempre que possível, seja por meio de fisioterapia ou pela prática regular de exercícios físicos. Converse com seu médico cirurgião vascular e avalie a sua condição física para que possa dar início a uma atividade física. Lembre-se sempre de respeitar seus limites e jamais desconsidere o acompanhamento constante de um profissional responsável.

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